O resultado de um exame para confirmar uma suspeita, pode ser:
Verdadeiro positivo: o
exame detecta a doença em quem realmente tem a
doença.
Falso negativo: o exame não detecta a
doença em quem realmente tem a doença.
Verdadeiro negativo: o exame não detecta a doença em quem
não tem a doença.
Falso positivo: o exame detecta a doença em quem não tem a doença
Os testes diagnósticos estudados na estatística não são feitos para detectar doenças; essa função é atribuída ao profissional da saúde. Eles são projetados para avaliar a probabilidade de um diagnóstico, obtido por meio de exame médico, dar errado.
A lógica dos testes diagnósticos na estatística
será ilustrada aqui por meio de um exemplo. Pacientes com suspeita de COVID-19
devem fazer exame para detectar o vírus Sars-Cov-2. Digamos que uma
pessoa faz o teste rápido de
antígeno (conhecido como teste de farmácia) O
resultado pode ser “positivo” ou “negativo”, mas já sabemos que,
eventualmente, qualquer desses resultados pode dar errado.
Para estimar a probabilidade de ocorrer falsos
positivos ou falsos negativos em testes diagnósticos, são feitos grandes
levantamentos de dados. As possibilidades para o teste estão na Tabela 1. Nas linhas estão
os resultados do teste (positivo ou negativo) e nas colunas o
fato de a doença estar ou não presente.
Se, voluntariamente, n1 doentes forem
submetidos ao teste, teremos:
VP: verdadeiros positivos
FN: falsos
negativos
Se n2 voluntários
sadios forem submetidos ao teste, teremos:
VN: verdadeiros negativos
FP:
falsos positivos.
Tabela 1: Resultados do teste diagnóstico
O teste tem sensibilidade (S) se
detecta a doença em quem tem a doença:
O teste tem especificidade (E) se resulta negativo em quem não tem a doença:
Exemplo 1
Considere que um teste diagnóstico X para detectar a doença Y foi aplicado em 1000 pessoas: 400 tinham a doença Y e 600 não tinham a doença Y. Os resultados do teste estão apresentados na Tabela 2.
Tabela 2: Resultados do teste diagnóstico
O teste é sensível, porque detectou a doença em 95% dos casos. Então, a probabilidade de resultado positivo quando a pessoa tem a doença é alta.
O teste não é específico, porque acertou que a pessoa não tem a doença em apenas 60% dos casos. Então, a probabilidade de dar negativo em pessoas que não tem a doença é relativamente baixa.
Exemplo 2
Foi feito
um teste diagnóstico Z em 1200 pessoas: 500 tinham a doença para a qual o teste
foi proposto e 700 não tinham a doença. Os resultados do teste estão na Tabela
3.
Tabela 3: Resultados do teste diagnóstico
O teste não é sensível, porque detectou a doença em apenas 64% dos
doentes (320/500), ou seja, a probabilidade de resultado
positivo em pessoa que tem a doença é baixa.
O teste é específico, porque
acertou se a pessoa não tiver a doença 90% das vezes (630/700). A probabilidade
de resultado negativo em pessoas que não têm a doença é alta.
Características dos testes sensíveis e específicos
Testes Sensíveis:
· Problema: O
número de falsos
positivos é alto. Muitas pessoas que não têm a doença são
diagnosticadas como tendo a doença.
· Recomendação: Se
a doença não pode ser negligenciada, escolha um teste sensível.
Testes Específicos:
· Problema:
O número de falsos
negativos é alto. Muitas pessoas que têm a doença são
diagnosticadas como não tendo a doença.
· Recomendação: Se
o diagnóstico da doença pode ser traumático, escolha um teste específico
porque, se a pessoa não tem a doença, o teste indica isso com alta
probabilidade.
Sinais e sintomas
As definições de sensibilidade e especificidade também se aplicam aos
sintomas e sinais.
- Se
o sintoma ou sinal for altamente sensível, aparece em quase todos
os doentes.
- Se o sintoma ou sinal for altamente específico, a ausência dele exclui a possibilidade de o indivíduo ter a doença.
Acurácia
Acurácia é a probabilidade de o teste dar resultado correto (positivo ou negativo).
A acurácia pode
parecer uma propriedade adequada para julgar um exame para diagnóstico, mas não
é. Como é a proporção dos resultados corretos na amostra, tanto positivos
como negativos, se o valor da acurácia for alto não se sabe se o exame tem
maior probabilidade de detectar verdadeiros positivos ou de detectar
verdadeiros negativos.
Literatura
- Motulsky, H. Intuitive Biostatistics. Nova York. Oxford University Press, 1995, p: 129-135.
- Vieira, S. Bioestatística: tópicos avançados. Rio de Janeiro. Elsevier. 4 ed. 2018.
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