Saturday, November 02, 2013

Entrevista como método de pesquisa qualitativa

O levantamento de informações para uma pesquisa qualitativa pode ser feito por entrevista em profundidade. Isso é feito em conversa face a face, do entrevistador (que pode ser o pesquisador principal ou alguém por ele treinado) com seu entrevistado (o participante de pesquisa).
O entrevistador deve ser capaz de encorajar as pessoas a se expressar longamente e saber ficar calado. Não deve interferir na fala do entrevistado – seja por palavras, por expressão facial ou por gestos. O entrevistado é quem deve discorrer sobre suas crenças, opiniões, idéias, juízos, medos, atitudes que tomou ou acontecimentos que presenciou. 

A entrevista em profundidade 
é uma busca; o objetivo é explorar
 um tema em detalhe. 
           
Para começar a entrevista, podem ser feitas uma ou duas perguntas. São permitidas outras perguntas, mas apenas para obter esclarecimentos sobre eventuais dúvidas a respeito do que disse o entrevistado. O entrevistador precisa ser interativo e entender a linguagem do entrevistado. Se perguntado, o entrevistador deve dizer que as perguntas serão respondidas no final da entrevista – e isso tem de ser feito, usando palavras em nível de compreensão do entrevistado. Mas o entrevistador não pode expor opiniões nem influenciar na resposta.

São comuns alguns percalços: o entrevistado pode ser muito tímido ou ficar constrangido com algumas perguntas; o entrevistador pode, impensadamente, responder uma pergunta e contaminar a resposta de quem entrevista; o entrevistado pode ser interrompido por pessoas ao seu derredor ou parar a entrevista para atender ao celular. De qualquer modo, é sempre recomendável gravar as entrevistas, que depois devem ser transcritas para análise. Mas transcrição toma tempo. Então o pesquisador deve estar preparado não só para entrevistar como também para transcrever a entrevista. E se tiver secretária para esse serviço, terá que conferir a transcrição. Mas há pessoas que não aceitam gravar a entrevista. Nesses casos, é preciso fazer anotações.

Dependendo do assunto, pode ser difícil achar respondentes. Se o pesquisador pretende entrevistar pessoas que pertencem a uma instituição – como escolas, asilos, prisões – é preciso pedir permissão para o responsável pela instituição, não só para entrar na instituição como também recrutar pessoas para a pesquisa. E as características pessoais do entrevistador – como classe social, sexo, raça, profissão, maneira de se vestir – têm efeito sobre o resultado da entrevista. No entanto, é preciso entrevistar porque existem informações que só podem ser obtidas conversando com as pessoas que se dispuserem a falar.

Onde achar quem aceite responder?
  Dependendo do assunto, pode ser difícil achar respondentes. Se o pesquisador pretende entrevistar pessoas que pertencem a uma instituição – como escolas, asilos, prisões – é preciso pedir permissão para o responsável pela instituição, não só para entrar na instituição como também recrutar pessoas para a pesquisa. E as características pessoais do entrevistador – como classe social, sexo, raça, profissão, maneira de se vestir – têm efeito sobre o resultado da entrevista. No entanto, é preciso entrevistar porque existem informações que só podem ser obtidas conversando com as pessoas que se dispuserem a falar.

A entrevista em profundidade é um processo de pesquisa demorado e pode ser caro, dependendo da qualificação exigida do entrevistador, da quantidade de informações que se espera obter e do número de participantes. Por esta razão, o tamanho da amostra fica, em muito, por conta de fatores como profundidade, capacidade de interlocução dos entrevistados, tempo e custo da entrevista. Como a representatividade estatística não é buscada na pesquisa qualitativa, o número de entrevistados raramente é posto em discussão.

 As entrevistas qualitativas também podem ser semi-estruturadas – algo que se entende como intermediário entre a pesquisa qualitativa e o questionário.  As questões são abertas e o entrevistador pode até utilizar um roteiro, mas precisa deixar o respondente livre para falar. Entrevistador e entrevistado podem explorar mais longamente os pontos que considerarem importantes, mas o entrevistador precisa ser sensível à linguagem do entrevistado e não pode, de forma alguma, influenciar as respostas.

Finalmente, cabe lembrar que as entrevistas feitas por meio de questionários, com muitas perguntas que têm opções de resposta, são pesquisas quantitativas porque têm números para análise – e não texto 1.



1 Veja:

Vieira, Sonia. Como elaborar questionários. São Paulo, Atlas