O levantamento de
informações para uma pesquisa qualitativa pode ser feito por entrevista em profundidade. Isso é feito
em conversa face a face, do entrevistador
(que pode ser o pesquisador principal ou alguém por ele treinado) com seu entrevistado (o participante de pesquisa).
O entrevistador deve
ser capaz de encorajar as pessoas a se expressar longamente e saber ficar
calado. Não deve interferir na fala do entrevistado – seja por palavras, por
expressão facial ou por gestos. O entrevistado é quem deve discorrer sobre suas
crenças, opiniões, idéias, juízos, medos, atitudes que tomou ou acontecimentos que
presenciou.
é uma busca; o objetivo é explorar
um tema em detalhe.
Para começar a
entrevista, podem ser feitas uma ou duas perguntas.
São permitidas outras perguntas, mas apenas para obter esclarecimentos sobre
eventuais dúvidas a respeito do que disse o entrevistado. O entrevistador
precisa ser interativo e entender a linguagem do entrevistado. Se perguntado, o
entrevistador deve dizer que as perguntas serão respondidas no final da
entrevista – e isso tem de ser feito, usando palavras em nível de compreensão
do entrevistado. Mas o entrevistador não pode expor opiniões nem influenciar na
resposta.
São comuns alguns
percalços: o entrevistado pode ser muito tímido ou ficar constrangido com
algumas perguntas; o entrevistador pode, impensadamente, responder uma pergunta
e contaminar a resposta de quem entrevista; o entrevistado pode ser
interrompido por pessoas ao seu derredor ou parar a entrevista para atender ao
celular. De qualquer modo, é sempre recomendável gravar as entrevistas, que
depois devem ser transcritas para análise. Mas transcrição toma tempo. Então o
pesquisador deve estar preparado não só para entrevistar como também para
transcrever a entrevista. E se tiver secretária para esse serviço, terá que conferir
a transcrição. Mas há pessoas que não aceitam gravar a entrevista. Nesses
casos, é preciso fazer anotações.
Dependendo do
assunto, pode ser difícil achar respondentes. Se o pesquisador pretende
entrevistar pessoas que pertencem a uma instituição – como escolas, asilos,
prisões – é preciso pedir permissão para o responsável pela instituição, não só
para entrar na instituição como também recrutar pessoas para a pesquisa. E as características
pessoais do entrevistador – como classe social, sexo, raça, profissão, maneira
de se vestir – têm efeito sobre o resultado da entrevista. No entanto, é
preciso entrevistar porque existem informações que só podem ser obtidas
conversando com as pessoas que se dispuserem a falar.
Onde achar quem aceite responder? |
Dependendo do
assunto, pode ser difícil achar respondentes. Se o pesquisador pretende
entrevistar pessoas que pertencem a uma instituição – como escolas, asilos,
prisões – é preciso pedir permissão para o responsável pela instituição, não só
para entrar na instituição como também recrutar pessoas para a pesquisa. E as características
pessoais do entrevistador – como classe social, sexo, raça, profissão, maneira
de se vestir – têm efeito sobre o resultado da entrevista. No entanto, é
preciso entrevistar porque existem informações que só podem ser obtidas
conversando com as pessoas que se dispuserem a falar.
A entrevista em
profundidade é um processo de pesquisa demorado e pode ser caro, dependendo da
qualificação exigida do entrevistador, da quantidade de informações que se
espera obter e do número de participantes. Por esta razão, o tamanho da amostra
fica, em muito, por conta de fatores como profundidade, capacidade de
interlocução dos entrevistados, tempo e custo da entrevista. Como a
representatividade estatística não é buscada na pesquisa qualitativa, o número
de entrevistados raramente é posto em discussão.
As entrevistas
qualitativas também podem ser semi-estruturadas
– algo que se entende como intermediário entre a pesquisa qualitativa e o
questionário. As questões são abertas e
o entrevistador pode até utilizar um roteiro, mas precisa deixar o respondente
livre para falar. Entrevistador e entrevistado podem explorar mais longamente
os pontos que considerarem importantes, mas o entrevistador precisa ser
sensível à linguagem do entrevistado e não pode, de forma alguma, influenciar
as respostas.
Finalmente, cabe
lembrar que as entrevistas feitas por meio de questionários, com muitas
perguntas que têm opções de resposta, são pesquisas
quantitativas porque têm números para análise – e não texto 1.
1 Veja:
Vieira, Sonia. Como elaborar questionários. São Paulo,
Atlas
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