Imagine que você
dispõe, para conduzir um experimento, de uma área com gradiente de fertilidade.
O terreno é em declive e, portanto, mais fértil na baixada do que no topo. Você
quer comparar quatro tratamentos, que indicaremos por A, B, C e D e resolve delinear
cinco blocos. Cada bloco comporta quatro tratamentos. O delineamento poderia
ser o que está na Figura 1.
Figura 1
Delineamento de um
experimento em blocos
A Tabela 1 apresenta a análise de variância (ANOVA table) para esse
experimento.
Tabela 1
Análise de variância (ANOVA table)
Este
delineamento é apropriado porque foi minimizada a variação dentro de cada bloco
e maximizada a variação entre blocos. Mas o que se pode dizer do número de
graus de liberdade do resíduo?
A crítica mais
repetida, para um trabalho experimental, é a de que a amostra é pequena.
Algumas vezes também se argumenta que o número de graus de liberdade do resíduo
deveria ser maior do que 10, ou 12. Mas por quê?
Lembre-se de que
você quer comparar quatro tratamentos. Então, o número de graus de liberdade
para tratamentos é obrigatoriamente 3. Se você aumentar a amostra, em quanto
aumenta o número de graus de liberdade do resíduo? Veja a Tabela 2, que
evidencia o aumento do número de graus de liberdade do resíduo quando se
aumenta a amostra ou, mais especificamente, quando se aumenta o número de
blocos.
Tabela 2
Graus de liberdade do resíduo em função do número de blocos e 4 tratamentos
Observe a Tabela
3, dada em seguida. São dados alguns valores críticos de F para 3 graus de liberdade no numerador (porque você quer comparar
quatro tratamentos) e diversos graus de liberdade do denominador. Note que os
valores críticos de F com 3 graus de
liberdade no numerador tendem a se estabilizar depois de 12 graus de liberdade
no denominador (resíduo da análise de variância). Então, aumentar o número de blocos
não ajuda muito na busca da significância.
Tabela 3
Valores críticos de
F no nível de 5% de significância para
3 graus de liberdade do numerador e diversos números de graus de liberdade do
denominador
Isso fica mais
claro observando a Figura 2. Ora, é o valor de F que determina a significância.
Então sua possibilidade de detectar diferenças entre as médias dos quatro
tratamentos que está comparando melhora se organizar cinco blocos ao invés de quatro (F crítico diminui de 3,86 para 3,49), mas já não melhora tanto se,
em lugar de cinco blocos, você usar seis (F
crítico de 3,49 diminui para 3,29).
Figura 2
Valores críticos de
F no nível de 5% de significância
para 3 graus de liberdade do numerador e diversos números de graus de liberdade
do denominador
Vem daí a regra
prática: pelo menos 12 graus de liberdade no resíduo da análise de variância.
Mas veja bem: para 4 tratamentos. Nas ciências agrárias é comum comparar 4 ou
até mais tratamentos. Então a regra é bastante razoável.
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