As
funções assintótico-sigmoides desempenham papel importante em estudos de
crescimento, sejam eles de natureza biológica, econômica ou demográfica, para
os quais os modelos lineares são, muitas vezes, inadequados.
O
ajuste dessas funções aos dados de crescimento se fundamenta na observação de
que tais dados, colocados em gráfico, formam uma curva em forma de S (sigmoide)
e mostram tendência à estabilização (a curva é assintótica).
Diferentes
funções matemáticas são assintótico-sigmoides. No entanto, quando se trata de
crescimento, apenas em alguns poucos casos existe informação definida sobre a relação
entre as variáveis, caracterizando a função, ou existe uma equação diferencial que
a função deve, obrigatoriamente, satisfazer.
No
campo biológico, o tipo de função assintótico-sigmoide que mais bem descreve
dados de crescimento deve ser pesquisado. Nesse campo, nas palavras de Berkson
(1), “é realmente gratuito falar em uma teoria de fenômenos observados em
qualquer sentido literal e sério. Os fatores envolvidos são tantos e o conjunto
é tão variado e complexo que o modelo usado deve ser considerado como uma curva
meramente empírica, com grande utilidade descritiva, mas sem qualquer
significado teórico específico”.
Entretanto,
o ajuste dessas funções é relativamente difícil. Esta afirmativa é comprovada
pela quantidade de métodos propostos para o ajuste de funções
assintótico-sigmoides. É claro que, com a atual facilidade do uso de programas
de computador, a quantidade de cálculo exigida pelos processos iterativos de
ajuste das funções assintótico-sigmóides não constitui problema. Mas um problema
permanece: escolher a função matemática mais adequada para descrever um
conjunto de dados de crescimento.
A
função logística, definida por três parâmetros a, b, c
foi
indicada em 1845 para o estudo descritivo do crescimento de populações humanas
por Verhulst (2), que a denominou “curva logística”.
Muitos anos mais tarde, isto é, em
1920, Pearl e Reed (3), sem conhecerem a contribuição de Verhulst (2), obtiveram
empiricamente a mesma curva e a utilizaram para descrever a população dos
Estados Unidos da América, de 1710 a 1910, usando dados de censo.
A
partir daí, a curva logística tem sido bastante estudada e largamente utilizada
para representar dados empíricos de crescimento de animais e vegetais, de
populações humanas e de adoção de novos bens econômicos.
A função (1) é monotonicamente crescente
e fica entre duas assíntotas, Z = 0 e
Z= a. O parâmetro a, que é a
distância entre as duas assíntotas, é conhecido como “nível de saturação”. O
parâmetro c está relacionado com a
taxa de crescimento de Z, uma vez que
O parâmetro
b é dito “de posição”, porque,
mudando o valor de b, mas mantendo
fixos os outros dois parâmetros, a função se movimenta horizontalmente.
A função (1)
tem ponto de inflexão para a abscissa t
= -b/c, onde Z vale a/2. A curva logística é radialmente
simétrica em torno de seu ponto de inflexão.
O uso da
função logística para o estudo descritivo de crescimento tem base na equação diferencial
em que c/a é uma constante.
A equação
(3) mostra que a taxa de crescimento da função logística é proporcional ao
valor alcançado pela função e à diferença entre esse valor e o “nível de
saturação”.
Reconhece-se,
portanto, na logística um “fator de momento” igual a Z e um “fator de contenção” igual a (a - Z), usando a
denominação dada por Lange (4).
De (3)
segue-se que:
isto é, a taxa de crescimento de Z decresce linearmente com o aumento de Z.
Devido às
características peculiares, a função logística é recomendada para a descrição
de certos tipos de fenômenos. Entretanto, são essas mesmas características que
tornam a função inadequada para descrever outros tipos de fenômenos.
Referências
1) Berkson, J. Application of the logistic
function to bio-assay.
J. Am. Statist. Ass., Boston, 39:357-65,1944.
2) Verhulst, P.E. Recherches mathématiques
sur la loi d’accroissement de la population. Académie de Bruxelles, Bruxelles, 18:1-38.
3)
Pearl, R. e Reed, L.J. On the rate of growth of the population of the United
States since 1790 and its mathematical representation. Proc.
Nat. Acad. Sci.
USA, Washington, 6:275-88,1920
4) Lange, O. Introdução à econometria. 2. ed. São
Paulo, Fundo de Cultura, 1967, p
23-31
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Continuaremos a discorrer sobre a
função logística em outras postagens. Veja:
Vieira, S. Estudo de funções assintótico sigmoides. Unicamp. Tese de livre docência. 1975.
Vieira, S. Estudo de funções assintótico sigmoides. Unicamp. Tese de livre docência. 1975.
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