A expansão do COVID-19 é comumente monitorada
pela variação percentual, que se obtém
dividindo o aumento do número de casos em um dia pelo número de casos
existentes no dia anterior. Por exemplo, se ontem havia 50 casos e hoje são 55,
o aumento do número de casos foi 5. Dividindo 5 pelo número de casos existentes
ontem, que neste exemplo é 50, você encontra 0,1, ou seja, 10% de variação
percentual, de ontem para hoje. O mesmo
raciocínio se aplica para obter a variação percentual de óbitos.
Mas a expressão “crescimento
exponencial” também ficou
comum para expressar o crescimento muito rápido de novos casos e de óbitos
atribuídos ao
COVID-19. No entanto, ainda há dificuldade de entender o que
significa crescimento exponencial. Na matemática, dizemos que uma sequência de números está crescendo
exponencialmente quando cada número da sequência é igual ao anterior
multiplicado por uma constante maior do que 1. Então a curva cresce
indefinidamente. Veja a sequência de números dados em seguida, em gráfico na
Figura 1. O crescimento é exponencial.
Na fase inicial, a expansão do COVID-19 pode até ser vista como uma exponencial. No entanto, essa expansão não segue um modelo exponencial. As epidemias acabam com o esgotamento dos suscetíveis ou, como se diz, com a imunidade do rebanho. O número de novos casos aumenta rapidamente, atinge um pico e depois diminui. Isso é chamado de curva epidemiológica, um gráfico estatístico usado para mostrar o início e a progressão de uma doença. Os dados da China e da Coréia do Sul corroboram essa ideia.
Mas porque a
China, primeiro país a se haver com a doença, acabou determinando o isolamento
social de milhões e milhões de pessoas? A explicação é dada pelos
epidemiologistas: a taxa de contágio do COVID-19 é alta; não há vacina nem tratamento para a doença. Infectar
toda a população mundial não é a melhor forma de agir. Então a solução
proposta pelos epidemiologistas para desacelerar a expansão do COVID-19 foi a de "achatar a
curva". Isso mesmo: em vez de deixar o virus invadir rapidamente a
população e desaparecer rapidamente devido ao esgotamento dos suscetíveis, a proposta
dos epidemiologistas é desacelerar a velocidade de contágio, impondo o
isolamento social. É verdade que alguns governos como o britânico pensaram (e
outros ainda pensam) em aguardar a “imunidade do rebanho”. Mas como é mostrado
na Figura 2, haveria um colapso do sistema de saúde (como aconteceu na Itália) e
até do sistema funerário (como está acontecendo no Equador).
Estima-se que cerca
10% ou mais dos casos de COVID-19 precisam de hospitalização. Cerca de 5%
precisam de unidade de terapia intensiva (UTI). O número de novos casos é
proporcional ao número de casos existentes e ao número de expostos a esses
casos. Se a exposição for muito grande (em transportes coletivos, cinemas,
shows, restaurantes), o número de infectados subirá muito acentuadamente (a
curva vermelha). Então o número de pacientes que precisará de leitos nas
unidades de terapia intensiva (UTI) pode exceder a capacidade dos hospitais
locais. É o caos, o colapso do sistema de saúde. A curva azul mostra o
crescimento da curva quando se adotam políticas de contenção, ou seja,
isolamento social mais, ou menos, severo. É claro que isso traz consequências
para a economia, mas é o que se pode fazer. A necessidade de isolamento social
não é, infelizmente, intuitiva.
Mas o problema
não será resolvido de maneira fácil: vírus costumam voltar depois que
desaparecem. Em outras palavras, pode ocorrer uma nova onda da doença, ou seja,
a curva epidemiológica pode começar se tornar senoidal. Não se sabe se isso
acontecerá, mas daí a urgência de uma vacina e a lógica das restrições atualmente
impostas pela China para a entrada dos que lá chegam: é o medo de uma segunda
onda. A Figura 3 mostra uma simulação recente, feita por epidemiologistas,
sobre a possível evolução, com a segunda onda, do COVID-19 para o restante de
2020. Que isso não aconteça!
Figura 3 – Simulação de possível evolução de casos
da
COVID-19 em 2020
No comments:
Post a Comment