Definição
Na definição de Bernard Berelson 1, análise de conteúdo é uma técnica para a descrição objetiva,
sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto das comunicações. A análise de
conteúdo 2 busca, portanto, palavras, frases, temas e conceitos
dentro de um texto e os quantifica de maneira sistemática e objetiva. O
resultado é usado para fazer inferência sobre as mensagens dentro do texto. Das
análises de conteúdo, a mais comum é a análise de categorias 3.
Tipos de dados para análise
de conteúdo
Textos aos quais se atribuem
significados convencionais, como os discursos verbais
e os documentos escritos, são fontes adequadas de dados para a análise de
conteúdo. Portanto jornais, revistas, livros, programas de radio e televisão,
filmes, histórias em quadrinhos são os maiores fornecedores de dados para esse
tipo de análise. Mas a técnica também tem sido aplicada para dados não públicos
como cartas pessoais, conversas de crianças, registros audiovisuais de
terapias, depoimento de testemunhas em juízo, respostas de entrevistas em
profundidade. Ainda, dados que têm significado apenas para grupos menores –
como depoimentos de pessoas com doenças degenerativas, pais de crianças com
doenças graves, falas de profissionais que trabalham em situação de estresse
como enfermeiros intensivistas – também podem ser analisados por meio de análise
de conteúdo.
Razões para o uso da análise de conteúdo
Pesquisadores leem grande volume
de material e podem se tornar seletivos no que absorvem. A análise de conteúdo dá
a oportunidade para entender o texto e explicar
o fenômeno, de maneira mais objetiva. A inferência raramente é
óbvia. Por exemplo, será que a frequência de determinada referência explica a
atenção que a pessoa dá ao assunto?
Todo pesquisador
deve
usar conhecimentos estabelecidos para explicar como os dados coletados se
relacionam com o fenômeno que pretende conhecer. No entanto, raramente deve fazer descrição literal do conteúdo da
comunicação que analisa. Constitui exceção, por exemplo, a citação das palavras
exatas de um político em seus discursos de campanha.
Limitações
da técnica 4
Uma análise de conteúdo almeja inferir sobre
o que não pode ser observado diretamente, nem tem evidência válida disponível.
Logo, apesar das alegações de que a inferência feita por uma análise de
conteúdo é generalizável, existem limitações.
A primeira refere-se à questão da tomada de decisão com base em pequenas amostras. Uma análise
estatística, para embasar a tomada de decisão, precisa de amostra constituída
por um número razoavelmente grande de unidades. Não se analisam comunicações
únicas ou poucos discursos. A segunda limitação da análise de conteúdo refere-se
à questão da replicabilidade. Uma
análise estatística exige sistema de medição estabelecido, que independa do
analista. Terceira limitação da análise de conteúdo: se as categorias forem
estabelecidas do próprio material analisado, os achados não são generalizáveis.
Se as categorias são estabelecidas a priori, a análise perde as características
do material em análise.
Referências
1. Berelson,
B. Content analysis in
communication research. New York, Free Press, 1952. In: Palmquist, MContent
Analysis. http://www.colostate.edu/Depts/WritingCenter/references/research/content/page2.htm
2. Stemler, S. An Overview of Content
3. Bardin, L Análise de conteúdo. São
Paulo, Edições 70, 2011.
4. Krippendorff, K. (1989). Content analysis. In E. Barnouw, G. Gerbner,
W. Schramm, T. L. Worth, & L. Gross (Eds.), International encyclopedia of
communication (Vol. 1, pp. 403-407). New York, NY: Oxford University Press.
Retrieved from http://repository.upenn.edu/asc_papers/226
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