É comum conceituar estudo
de caso como o relato sobre uma única pessoa (um “caso clínico” como
aqueles descritos por Freud), uma instituição (como um hospital), um programa
(como o Bolsa Família) ou um evento (a eleição do reitor de uma universidade). Esses estudos tratam
fenômenos singulares ou originais – e
não devem ser meras entrevistas de algumas pessoas às quais o pesquisador tem
acesso.
No
estudo de caso, o pesquisador se propõe a apresentar uma situação ou
condição singular ou original, em profundidade e no contexto da vida real.
Para
fazer um estudo de caso, é preciso estabelecer objetivos, justificativa e
apresentar a literatura de apoio. Ainda
é importante estabelecer os limites de
busca como, por exemplo, período de tempo coberto pelo estudo, lugar ou
espaço geográfico em que serão feitas as observações e as evidências que serão
coletadas.
Mas
todo estudo de caso começa, necessariamente, com a definição do caso a ser estudado.
Se o caso for selecionado não por ser
representativo de outros casos, mas porque é único, dizemos que é um caso
intrínseco.
Exemplo
Foi conduzido um estudo de caso1 intrínseco para estudar um casal de velhos
dementes, com a finalidade de entender o impacto da demência sobre a vida
diária deles e de seus parentes.
Se
o caso for selecionado por ser “típico”,
o que permite ao pesquisador estudar mais o fenômeno do que o caso em si,
dizemos que é um caso
instrumental. Se forem estudados vários casos, cuidadosamente
selecionados, estamos diante de um caso coletivo ou casos múltiplos.
Exemplo
Para mais bem entender as representações sobre
ensino de estatística2, foi conduzido um estudo de caso instrumental entrevistando
professores de estatística da Unicamp.
Os estudos de caso ainda podem ser3:
·
Descritivos
·
Explicativos
·
Exploratórios
Estudos
descritivos
Objetivo: Relatar um ou mais exemplos que bem ilustrem
uma situação, tornando o tema mais familiar para o leitor.
Justificativa: fornece subsídios necessários para discutir o tema na situação.
Exemplo
Objetivo: foi conduzido um estudo descritivo para
descrever a tomada de decisão de um grupo de estudantes de enfermagem em
situação clínica4.
Justificativa: seria impossível para o autor ter uma
descrição correta da tomada de decisão de estudantes de enfermagem sem
considerar o contexto em que ocorria (a escola, a situação clínica e o ambiente
de aula).
Estudos explicativos
Objetivo: apontar aspectos embutidos no fenômeno,
esclarecendo situações, agregando informações de várias fontes, obtidas em
tempos diferentes.
Justificativa: quando se olha apenas um caso, nem
sempre o leitor consegue ver o todo contexto em que o fenômeno se insere.
Exemplo
Objetivo: foram examinadas 158 publicações
científicas de autores brasileiros para determinar o quanto obedeciam às
diretrizes internacionais e às normas nacionais para condução de pesquisas em
seres humanos5.
Justificativa: os
achados mostraram a necessidade de os trabalhos publicados mais bem informar a
participação efetiva de cada autor na pesquisa, relatar a fase da pesquisa,
descrever o local da pesquisa, informar patrocínio e indicar o número total de
participantes no Resumo.
Estudos exploratórios
Objetivo: buscar conhecimento sobre um tema sobre
o qual não existam teorias. É verdadeira caça às informações que possam trazer
entendimento sobre o tema.
Justificativa: balizar novos estudos e ajudar a
formular hipóteses.
Exemplo
Objetivo: Foi feito um estudo exploratório para levantar os procedimentos que poderiam despertar o
interesse dos estudantes de um colégio para os computadores do laboratório da
instituição6.
Justificativa: Fornecer aos pesquisadores informação
que os ajude a formular hipóteses iniciais sobre as características e os
interesses dos usuários desse serviço.
Referências
1.
Hellström
I, Nolan M, Lundh U: 'We
do things together': A case study of couplehood' in dementia. Dementia 2005, 4:7-22.
2.
Wada, Ronaldo Seichi. Estatística e ensino: um estudo sobre
representações de professores do 3º grau. Campinas: FE/Unicamp, 1996. Tese de
Doutorado. Orientador: Maria José Pereira Monteiro de Almeida.
3.
Yin R: Case study research: design
and methods. 2nd edition. Thousand Oaks, CA: Sage Publishing; 1994. In: Baxter, P.
e Jack, S. Qualitative case study methodology: study design and implementation
for novice researchers. The Qualitative Research. Volume 13. Number 4.December
2008. 544-559.
4.
Baxter, P e Jack,
S. Qualitative Case Study Methodology: Study Design and Implementation for
Novice Researchers The Qualitative Report Volume 13 Number 4 December 2008
544-559 http://www.nova.edu/ssss/QR/QR13-4/baxter.pdf
5.
Pauli,
Claudionei Cella. Análise, à luz da Bioética, do perfil das publicações
6.
científicas de
autores brasileiros, antes e após a homologação das diretrizes éticas
referentes à pesquisa clínica (Ensaios) no Brasil [dissertação]. São Paulo:
Centro Universitário São Camilo; 2013.
7.
Lettyann.Exploratory Research and Descriptive http://lettyann.hubpages.com/hub/Exploratory-Research-and-Descriptive-Research
5 comments:
Tudo bem, Sônia? Gostei muito das informações contidas no seu blog. Tenho uma dúvida em relação ao alfa de cronbach. Realizei um questionário para diversos cursos utilizando escala de likert (4 níveis) e utilizei um programa para obtenção dos alfas (também confirmei manualmente). Pórem, em apenas um dos cursos houve erro na obtenção do alfa. Existe alguma limitação em relação aos dados de entrada? Foram 7 respostas para 10 itens. A mensagem que aparece é que há respostas insuficentes e/ou variáveis nulas (itens das perguntas). Realizei o cálculo manualmente e não observei nenhuma inconsistência. Além disso, teve outros cursos com mesma quantidade de respostas e foi gerado o alfa normalmente.
O instrumento de medida é um questionário com dez itens de respostas escalonadas. Os respondentes são alunos de diversos cursos (digamos r). Cada curso foi tomado como uma amostra. O número de respondentes em cada curso era ni, i= 1, 2, ...,r. Não foi possível obter o alfa de Cronbach para uma amostra em que ni =7. A amostra é, evidentemente, muito pequena. A única ideia que me ocorre é que o programa impõe restrições para o tamanho da amostra associado a certo número de respostas faltantes, o que, diga-se, é muito razoável.
É um artigo tão bonito. Você fez um ótimo trabalho para publicar um artigo tão excelente aqui. Seu artigo não é apenas útil, mas também é adicionalmente realmente informativo. Obrigado por compartilhar este blog aqui. exemplos de estudos de caso
Profa. Sonia,
Poderia divulgar a referência da Tabela 3, haja vista ter ocorrido um equívoco?
Grata desde já.
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