Wednesday, October 14, 2015

O que é estudo de caso?

     
É comum conceituar estudo de caso como o relato sobre uma única pessoa (um “caso clínico” como aqueles descritos por Freud), uma instituição (como um hospital), um programa (como o Bolsa Família) ou um evento (a eleição do reitor de uma universidade). Esses estudos tratam fenômenos singulares ou originais – e não devem ser meras entrevistas de algumas pessoas às quais o pesquisador tem acesso.
No estudo de caso, o pesquisador se propõe a apresentar uma situação ou condição singular ou original, em profundidade e no contexto da vida real.
Para fazer um estudo de caso, é preciso estabelecer objetivos, justificativa e apresentar a literatura de apoio. Ainda é importante estabelecer os limites de busca como, por exemplo, período de tempo coberto pelo estudo, lugar ou espaço geográfico em que serão feitas as observações e as evidências que serão coletadas.

Mas todo estudo de caso começa, necessariamente, com a definição do caso a ser estudado. Se o caso for selecionado não por ser representativo de outros casos, mas porque é único, dizemos que é um caso intrínseco.
Exemplo
Foi conduzido um estudo de caso1 intrínseco para estudar um casal de velhos dementes, com a finalidade de entender o impacto da demência sobre a vida diária deles e de seus parentes.

Se o caso for selecionado por ser “típico”, o que permite ao pesquisador estudar mais o fenômeno do que o caso em si, dizemos que é um caso instrumental. Se forem estudados vários casos, cuidadosamente selecionados, estamos diante de um caso coletivo ou casos múltiplos.
Exemplo
Para mais bem entender as representações sobre ensino de estatística2, foi conduzido um estudo de caso instrumental entrevistando professores de estatística da Unicamp.

  Os estudos de caso ainda podem ser3:
·         Descritivos
·         Explicativos
·         Exploratórios
                                      Estudos descritivos
Objetivo: Relatar um ou mais exemplos que bem ilustrem uma situação, tornando o tema mais familiar para o leitor.
Justificativa: fornece subsídios necessários para discutir o tema na situação.
                                        Exemplo
Objetivo: foi conduzido um estudo descritivo para descrever a tomada de decisão de um grupo de estudantes de enfermagem em situação clínica4.
Justificativa: seria impossível para o autor ter uma descrição correta da tomada de decisão de estudantes de enfermagem sem considerar o contexto em que ocorria (a escola, a situação clínica e o ambiente de aula).

                                       Estudos explicativos    
                                                   
Objetivo: apontar aspectos embutidos no fenômeno, esclarecendo situações, agregando informações de várias fontes, obtidas em tempos diferentes.
 Justificativa: quando se olha apenas um caso, nem sempre o leitor consegue ver o todo contexto em que o fenômeno se insere. 
                                             Exemplo
Objetivo: foram examinadas 158 publicações científicas de autores brasileiros para determinar o quanto obedeciam às diretrizes internacionais e às normas nacionais para condução de pesquisas em seres humanos5.
Justificativa: os achados mostraram a necessidade de os trabalhos publicados mais bem informar a participação efetiva de cada autor na pesquisa, relatar a fase da pesquisa, descrever o local da pesquisa, informar patrocínio e indicar o número total de participantes no Resumo.

Estudos exploratórios
Objetivo: buscar conhecimento sobre um tema sobre o qual não existam teorias. É verdadeira caça às informações que possam trazer entendimento sobre o tema.
Justificativa: balizar novos estudos e ajudar a formular hipóteses. 
 Exemplo
Objetivo: Foi feito um estudo exploratório para levantar os procedimentos que poderiam despertar o interesse dos estudantes de um colégio para os computadores do laboratório da instituição6.
Justificativa: Fornecer aos pesquisadores informação que os ajude a formular hipóteses iniciais sobre as características e os interesses dos usuários desse serviço.
          Referências

1.          Hellström I, Nolan M, Lundh U: 'We do things together': A case study of couplehood' in dementia. Dementia 2005, 4:7-22. 

2.               Wada, Ronaldo Seichi. Estatística e ensino: um estudo sobre representações de professores do 3º grau. Campinas: FE/Unicamp, 1996. Tese de Doutorado. Orientador: Maria José Pereira Monteiro de Almeida.

3.          Yin R: Case study research: design and methods. 2nd edition. Thousand Oaks, CA: Sage Publishing; 1994. Descrição: OpenURLIn: Baxter, P. e Jack, S. Qualitative case study methodology: study design and implementation for novice researchers. The Qualitative Research. Volume 13. Number 4.December 2008. 544-559.

4.          Baxter, P e Jack, S. Qualitative Case Study Methodology: Study Design and Implementation for Novice Researchers The Qualitative Report Volume 13 Number 4 December 2008 544-559 http://www.nova.edu/ssss/QR/QR13-4/baxter.pdf

5.          Pauli, Claudionei Cella. Análise, à luz da Bioética, do perfil das publicações
6.          científicas de autores brasileiros, antes e após a homologação das diretrizes éticas referentes à pesquisa clínica (Ensaios) no Brasil [dissertação]. São Paulo: Centro Universitário São Camilo; 2013.

7.          Lettyann.Exploratory Research and Descriptive http://lettyann.hubpages.com/hub/Exploratory-Research-and-Descriptive-Research


5 comments:

Everton said...

Tudo bem, Sônia? Gostei muito das informações contidas no seu blog. Tenho uma dúvida em relação ao alfa de cronbach. Realizei um questionário para diversos cursos utilizando escala de likert (4 níveis) e utilizei um programa para obtenção dos alfas (também confirmei manualmente). Pórem, em apenas um dos cursos houve erro na obtenção do alfa. Existe alguma limitação em relação aos dados de entrada? Foram 7 respostas para 10 itens. A mensagem que aparece é que há respostas insuficentes e/ou variáveis nulas (itens das perguntas). Realizei o cálculo manualmente e não observei nenhuma inconsistência. Além disso, teve outros cursos com mesma quantidade de respostas e foi gerado o alfa normalmente.

Sonia Vieira said...

O instrumento de medida é um questionário com dez itens de respostas escalonadas. Os respondentes são alunos de diversos cursos (digamos r). Cada curso foi tomado como uma amostra. O número de respondentes em cada curso era ni, i= 1, 2, ...,r. Não foi possível obter o alfa de Cronbach para uma amostra em que ni =7. A amostra é, evidentemente, muito pequena. A única ideia que me ocorre é que o programa impõe restrições para o tamanho da amostra associado a certo número de respostas faltantes, o que, diga-se, é muito razoável.

Comprar Tcc said...
This comment has been removed by the author.
Comprar Tcc said...

É um artigo tão bonito. Você fez um ótimo trabalho para publicar um artigo tão excelente aqui. Seu artigo não é apenas útil, mas também é adicionalmente realmente informativo. Obrigado por compartilhar este blog aqui. exemplos de estudos de caso

Shirlei Barros do Canto said...

Profa. Sonia,

Poderia divulgar a referência da Tabela 3, haja vista ter ocorrido um equívoco?
Grata desde já.