A primeira
questão do estatístico é: “Com que precisão quer estimar a porcentagem
de pessoas com DTM?”. O mestrando diz que gostaria de
trabalhar com uma margem de erro de ±2%. Isso significa que, se 34% das
pessoas da amostra tiverem DTM, a verdadeira
porcentagem de pessoas com DTM na cidade deverá estar no
intervalo 34% ± 2%, isto é, entre 32% e 36%.
O professor
avisa o mestrando de que, coletando uma só amostra, existe o risco de
essa amostra seja pouco representativa, por puro azar.
O mestrando replica que admite a probabilidade de uma amostra errada
em cada 20. O nível de confiança é, portanto, 19/20 =
0,95, ou como se prefere dizer, 95%.
É preciso
agora uma estimativa preliminar de P. O que fazer?
O mestrando sugere que, com base em outras pesquisas, é razoável
esperar P = 32% de pessoas com DTM. Então, usando a fórmula, o professor pode calcular:
Z
(para 95% de confiança)p
Que dirá o orientador ao receber a informação que para estimar a prevalência de disfunção temporomandibular dos cidadãos de uma cidade do interior do Estado precisa examinar praticamente 2100 pacientes? Qualquer que sejam as palavras, não vai aceitar.
O que pode ser feito para diminuir o tamanho da amostra? Aumentar a margem de erro. Mas, depois, pense bem: que sentido tem estimar uma porcentagem com as margens de erro que você considerou? Para 10% de margem de erro, considerando o mesmo nível de confiança, a mesma estimativa preliminar de P e, obviamente, a mesma fórmula de cálculo:
Seriam necessários 84 pacientes (arredondando para cima) para garantir uma estimativa da proporção de portadores de disfunção temporomandibular com 95% de confiança e uma margem de erro de 10%. Isto estaria bem? Provavelmente uma margem de erro de 10% incomode. E se diminuir a margem de erro e considerar um nível de 90% de confiança? É só calcular:
Seriam
necessários 234 pacientes (arredondando para cima) para garantir uma
estimativa da proporção de portadores de disfunção temporomandibular com 90% de
confiança e uma margem de erro de 5%.
Em algumas áreas do conhecimento, é possível levantar dados de 2000 ou mais pessoas, principalmente quando as perguntas são fáceis de responder como idade, sexo, escolaridade, habito de fumar – e se houver verba para tanto. Mas em Epidemiologia, o levantamento de dados pode ser caro, principalmente quando o estudo demanda diagnóstico de doenças, síndromes, disfunções, alterações, anomalias. Não tem milagre.
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