Um questionário tem validade quando mede o que propõe medir, ou seja, "acerta no alvo".
Tipos de validade: de face, de
conteúdo, preditiva e de construção.
Validade de face é o grau com que
o questionário aparentemente mede o que se projetou que medir. A validade
de face é, em geral, determinada por:
a) especialistas no
assunto, que avaliam se o instrumento realmente mede o que foi projetado para
medir;
b) uma amostra de
respondentes, que indicam se o instrumento parece medir o que deveria medir.
Exemplo: Um exame de aritmética para a
quarta série do ensino fundamental constituído de problemas de aritmética terá
validade de face se, aparentemente, medir o conhecimento de aritmética que se
ensina na quarta série do ensino fundamental. A validação do instrumento deve
ser feita por professores dessa série e pelos alunos, que se submeterão ao
exame.
Validade do conteúdo é a extensão com que as
questões do questionário fornecem, em todas as dimensões, a informação que se
quer obter.
Exemplo: Um questionário para
avaliar candidatos a um emprego deve medir diversas dimensões como interesse,
conhecimento e aptidão dos candidatos. Não teria validade de conteúdo o
questionário que avaliasse somente o interesse dos candidatos em preencher a vaga.
Existe relação entre validade de
conteúdo e validade de face, embora os conceitos sejam diferentes. A validade
de face é um conceito mais frouxo porque diz apenas se o instrumento “parece”
válido. Já a validade de conteúdo exige avaliação de especialistas e, em geral,
tratamento estatístico.
Validade preditiva é a extensão com que os
resultados de um questionário predizem futuros desempenhos. É, portanto, o grau
com que os resultados do questionário estarão, possivelmente, correlacionados
com medidas que serão obtidas no futuro.
Exemplo: O resultado de um teste de
aptidão aplicado aos candidatos ao vestibular de uma Faculdade de Odontologia
deve estar relacionado com o desempenho que os alunos terão na clínica, durante
e depois do curso.
Validade de construção é o grau com que os
resultados do questionário se correlacionam com os resultados obtidos de outra
forma – de validade conhecida, isto é, que se sabe serem corretos.
Exemplo: Gassen (1) comparou os
resultados obtidos por meio de um questionário respondido em entrevista face a
face para avaliar a disfunção temporomandibular com os resultados de um exame
clínico que, sabidamente, mostra o grau de disfunção. Participaram da pesquisa
136 mulheres com idades que variavam de 18 até 54 anos, inclusive.
O questionário
também tem validade de construção se as respostas dos respondentes se
correlacionam com as expectativas baseadas na teoria.
Exemplo: Os resultados de um questionário
para medir ansiedade devem dar valores mais altos se os respondentes estiverem
em ambiente que causa ansiedade.
Ainda, o
questionário tem validade de construção se as respostas dos respondentes se
correlacionam com uma medida inquestionável, de acordo com especialistas da
área.
Exemplo: O Teste de Inteligência Stanford
Binet é longo e exaustivo e exige alto grau de treinamento de quem o
administra, mas é bem aceito como medida de inteligência. Se você quiser
desenvolver um teste pequeno e fácil de QI, pode determinar a sua validade preditiva
administrando seu teste a pessoas que já fizeram o Stanford Binet e, em
seguida, determinar se os resultados obtidos pelo seu teste estão
correlacionados com os resultados do Teste de Inteligência Stanford Binet.
Existe uma relação entre
validade preditiva e validade de construção, embora esses conceitos sejam
distintos. A validade preditiva diz respeito à capacidade de prever, ou seja,
quão bem os resultados de um questionário predizem comportamentos futuros. Já a
validade de construção requer uma avaliação imediata, utilizando outra medida
reconhecida do mesmo conceito, mesmo que não seja considerada um padrão
ouro.
Referência
1. GASSEN, W. S. Análise da
efetividade do questionário de Helkimo para avaliação da disfunção
temporomandibular. 2006. Dissertação (mestrado) Centro de Pós-Graduação CPO São
Leopoldo Mandic. Campinas.
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