Chamamos de
método de pesquisa a estratégia usada na coleta de dados — ou seja, a técnica
escolhida para reunir as informações necessárias. Mas quais são esses métodos?
De forma
geral, uma pesquisa pode seguir dois caminhos principais:
🔺 Pesquisa
qualitativa
🔺Pesquisa quantitativa
Apesquisa
qualitativa busca entender o comportamento, as opiniões, as atitudes, os medos
e as crenças das pessoas. Ou seja, foca no significado que os indivíduos
atribuem às suas experiências e ao mundo em que vivem. Os dados são coletados
por meio de entrevistas, grupos focais, observação direta, análise de discursos
e documentos — em geral, por meio de textos.
Já a pesquisa
quantitativa busca contar, ordenar e medir. Seu objetivo é descrever a
frequência e a distribuição dos fenômenos, identificar relações entre
variáveis, testar hipóteses e calcular intervalos de confiança e margens de
erro. Trata-se, portanto, da coleta e análise de dados numéricos.
Em algumas
áreas do conhecimento, há disputas sobre qual método seria “melhor”. Mas o
ideal é estudar as estratégias lado a lado. Elas não são opostas nem
excludentes: são complementares.
Um exemplo: um
pesquisador que deseje entender a experiência subjetiva de pessoas com uma
doença mental deve conduzir entrevistas e analisar os relatos — trata-se de
pesquisa qualitativa. Já aquele que pretende estudar a distribuição da doença
na população deve recorrer à pesquisa quantitativa, aplicando questionários
estruturados a um número elevado de participantes.
Geralmente, a
pesquisa qualitativa precede a quantitativa. Um exemplo prático: após um grande
incêndio, o pesquisador pode entrevistar um pequeno grupo de pessoas para
levantar expressões frequentemente usadas para descrever sentimentos vividos na
ocasião. Com base nesses dados, pode então elaborar um questionário e aplicá-lo
a centenas de pessoas, a fim de comparar as reações emocionais entre diferentes
grupos.
Historicamente,
a pesquisa qualitativa enfrentou resistência em áreas como a saúde, por usar
amostras pequenas e por não permitir generalizações. Muitas vezes, foi rotulada
como “ciência branda” (soft science). No entanto, como argumentam seus
defensores, nenhum método garante a verdade absoluta. O que importa é a
competência do pesquisador, a qualidade dos dados, a análise criteriosa e as
conclusões bem fundamentadas.
A resposta é
simples: depende da pergunta que se quer responder. Pesquisas quantitativas
podem revelar padrões que demandem uma abordagem qualitativa posterior. E o
oposto também pode ocorrer. Veja alguns exemplos:
🔺 Pesquisa de
intenção de voto: o pesquisador pergunta a milhares de pessoas “Se a eleição
fosse hoje, em quem o(a) senhor(a) votaria?”. Depois calcula percentuais,
margens de erro e intervalos de confiança. Isso é pesquisa quantitativa.
🔺 Prévias
eleitorais: o entrevistador pergunta “Quais qualidades um presidente deve ter?”
ou “Quais são os principais problemas do país?”, buscando compreender
percepções e valores. Isso é pesquisa qualitativa.
🔺A pergunta
“Que proporção de fumantes já tentou parar de fumar, considerando sexo e faixa
etária?” exige uma abordagem quantitativa, com questionários estruturados e
análises estatísticas.
🔺Para
entender os motivos que impedem alguém de parar de fumar, a pesquisa deve ser
qualitativa, com entrevistas individuais e análise de conteúdo.
🔺 Para saber o
que as pessoas entendem por descriminalização das drogas, entrevistas em
profundidade com um grupo pequeno de participantes são o melhor caminho
(qualitativo). Já para estimar o percentual da população a favor ou contra, e
como essa opinião se distribui por sexo, idade, escolaridade, região, é
necessário um estudo quantitativo com amostra ampla.
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