Saturday, February 08, 2014

Pesquisa qualitativa? Pesquisa quantitativa?

Pesquisa é uma forma de investigação. Para haver pesquisa, é necessário haver um problema a resolver ou uma pergunta a responder. Toda pesquisa busca ampliar o conhecimento, seja qual for a área do pesquisador. No entanto, esse processo envolve riscos, incertezas e a necessidade de reunir evidências que sustentem a argumentação para chegar a uma resposta ou solução. E para isso, é preciso coletar dados.

Chamamos de método de pesquisa a estratégia usada na coleta de dados — ou seja, a técnica escolhida para reunir as informações necessárias. Mas quais são esses métodos?

De forma geral, uma pesquisa pode seguir dois caminhos principais:

         🔺 Pesquisa qualitativa
                   🔺Pesquisa quantitativa

Apesquisa qualitativa busca entender o comportamento, as opiniões, as atitudes, os medos e as crenças das pessoas. Ou seja, foca no significado que os indivíduos atribuem às suas experiências e ao mundo em que vivem. Os dados são coletados por meio de entrevistas, grupos focais, observação direta, análise de discursos e documentos — em geral, por meio de textos.

Já a pesquisa quantitativa busca contar, ordenar e medir. Seu objetivo é descrever a frequência e a distribuição dos fenômenos, identificar relações entre variáveis, testar hipóteses e calcular intervalos de confiança e margens de erro. Trata-se, portanto, da coleta e análise de dados numéricos.

Em algumas áreas do conhecimento, há disputas sobre qual método seria “melhor”. Mas o ideal é estudar as estratégias lado a lado. Elas não são opostas nem excludentes: são complementares.

Um exemplo: um pesquisador que deseje entender a experiência subjetiva de pessoas com uma doença mental deve conduzir entrevistas e analisar os relatos — trata-se de pesquisa qualitativa. Já aquele que pretende estudar a distribuição da doença na população deve recorrer à pesquisa quantitativa, aplicando questionários estruturados a um número elevado de participantes.

Geralmente, a pesquisa qualitativa precede a quantitativa. Um exemplo prático: após um grande incêndio, o pesquisador pode entrevistar um pequeno grupo de pessoas para levantar expressões frequentemente usadas para descrever sentimentos vividos na ocasião. Com base nesses dados, pode então elaborar um questionário e aplicá-lo a centenas de pessoas, a fim de comparar as reações emocionais entre diferentes grupos.

Historicamente, a pesquisa qualitativa enfrentou resistência em áreas como a saúde, por usar amostras pequenas e por não permitir generalizações. Muitas vezes, foi rotulada como “ciência branda” (soft science). No entanto, como argumentam seus defensores, nenhum método garante a verdade absoluta. O que importa é a competência do pesquisador, a qualidade dos dados, a análise criteriosa e as conclusões bem fundamentadas.

A resposta é simples: depende da pergunta que se quer responder. Pesquisas quantitativas podem revelar padrões que demandem uma abordagem qualitativa posterior. E o oposto também pode ocorrer. Veja alguns exemplos:

🔺 Pesquisa de intenção de voto: o pesquisador pergunta a milhares de pessoas “Se a eleição fosse hoje, em quem o(a) senhor(a) votaria?”. Depois calcula percentuais, margens de erro e intervalos de confiança. Isso é pesquisa quantitativa.

🔺 Prévias eleitorais: o entrevistador pergunta “Quais qualidades um presidente deve ter?” ou “Quais são os principais problemas do país?”, buscando compreender percepções e valores. Isso é pesquisa qualitativa.

🔺A pergunta “Que proporção de fumantes já tentou parar de fumar, considerando sexo e faixa etária?” exige uma abordagem quantitativa, com questionários estruturados e análises estatísticas.

🔺Para entender os motivos que impedem alguém de parar de fumar, a pesquisa deve ser qualitativa, com entrevistas individuais e análise de conteúdo.

🔺 Para saber o que as pessoas entendem por descriminalização das drogas, entrevistas em profundidade com um grupo pequeno de participantes são o melhor caminho (qualitativo). Já para estimar o percentual da população a favor ou contra, e como essa opinião se distribui por sexo, idade, escolaridade, região, é necessário um estudo quantitativo com amostra ampla.




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