Reveja o blog anterior, sobre análise de conteúdo.
É possível estabelecer outras categorias em lugar das que foram
consideradas? Sem dúvida, a definição
das categorias é opção do analista. Apenas para exemplificar, vamos construir outras
categorias ou “caixas” para locar os resultados da avaliação dos alunos do
Curso de Mestrado em Bioética do Centro Universitário São Camilo sobre a
disciplina de Metodologia Científica ministrada em 2011, ou seja, vamos fazer
uma categorização diferente da apresentada no blog anterior com os mesmos dados.
Vamos construir quatro categorias ou “caixas”, quais sejam:
i. Muito satisfatória, com as palavras: “ótima”,
“muito satisfatória” e “boa”.
ii. Satisfatória com as palavras: “satisfatório” e
“bom” (se o adjetivo não estiver acrescido de comentário desabonador);
iii. Pouco satisfatória com as palavras: “adequada” e
“regular”
iv. Nada satisfatória com a palavra: “ruim”.
Esta categorização pode ser apresentada em um gráfico de barras, que dá
bem a sensação de colocar palavras e frases dentro de ”caixas”, como expressa
Bardin (1). Veja a figura dada em seguida.
Para fazer uma análise de categorias, você primeiro lê o texto e categoriza
palavras e frases. É o que se chama identificar as unidades de registro (palavras, recortes de falas, temas).
Por exemplo, você faz, com outros colegas da
empresa, uma entrevista para selecionar estagiários. Todos os seus colegas
apresentam por escrito suas apreciações dos candidatos nos quesitos
apresentação, conhecimento, grau de escolaridade etc.. As palavras serão
variadas. Você pode optar por colocar numa só categoria – digamos aprovado – palavras como ótimo, bom,
excelente, aceitável – e em outra categoria – reprovado – palavras como desagradável, ruim, horrível, sofrível. A
análise de categorias é, portanto, um método taxonômico: estabelecem-se as
caixas ou gavetas (categorias) e se coloca cada coisa em seu lugar. Depois, é
só fazer as contagens.
As categorias devem ser: homogêneas, exaustivas, mutuamente
exclusivas, pertinentes. Para entender o significado dessas palavras, imagine
que você pede para várias pessoas dizerem o que acham do tamanho de uma sala. Você
já tem as categorias possíveis, ditadas pela sua experiência. São elas: tamanho
grande, tamanho correto, tamanho pequeno. Para que as categorias sejam
1. Homogêneas, as
caixas devem conter palavras com significados semelhantes ou próximos. Então, palavras
como grande, enorme, ampla, demais são categorizadas como “tamanho grande”. Palavras como legal, tudo bem, OK são
categorizadas como “tamanho correto” e
palavras como pequena, acanhada, estreita, sem espaço são categorizadas como “tamanho pequeno”. Note que há
homogeneidade em cada categoria. E se uma pessoa disse “agradável”? Você é o analista:
então ou você entende que o tamanho está correto, ou descarta a resposta, ou
volta à pessoa para entender o significado da palavra.
2. Exaustivas,
isto é, todas as palavras e frases do texto devem ser colocadas em caixas. Não
podem sobrar respostas que não encontraram seu lugar numa caixa. Claro, abra
uma categoria para outras respostas se há algumas sem sentido.
3. Mutuamente exclusivas,
ou seja, uma palavra que está numa caixa, não pode estar em outra. Então,
pessoas que disseram que a sala era grande estão numa caixa que não pode conter
pessoas que acharam a sala pequena.
4. Pertinentes, ou
seja, as caixas devem ser adequadas
ao conteúdo. Não escreva “organizada”, “desorganizada” para categorizar tamanho
de uma sala.
Mas não se
preocupe. Regras existem, mas nem sempre são aplicadas. De qualquer forma, você
já sabe que para fazer uma análise de categorias, é preciso:
1.
Fazer uma
primeira leitura do texto (é o que os especialistas chamam de leitura
flutuante) buscando captar como construir a análise.
2.
Marcar as
unidades de registro.
3.
Construir
“caixas” onde colocar as unidades de registro. Claro, as caixas devem
contemplar o problema.
4.
Verificar se as
caixas são exaustivas, isto é, podem conter todas as unidades de registro e são
mutuamente exclusivas, ou seja, quem está numa caixa não se encaixaria em outra.
5.
Colocar as
unidades de registro em suas devidas caixas. Cuide para que as unidades dentro
da mesma caixa sejam homogêneas.
Referências
1.
Bardin, L Análise de conteúdo. São Paulo,
Edições 70, 2011.