Friday, December 13, 2013
Saturday, November 23, 2013
Saturday, November 02, 2013
Entrevista em profundidade como método de pesquisa
O levantamento de informações
para uma pesquisa qualitativa pode ser feito por entrevista em
profundidade. Isso é feito em conversa face a face, do entrevistador (que
pode ser o pesquisador principal ou alguém por ele treinado) com seu entrevistado (o
participante de pesquisa).
O entrevistador deve ser capaz
de encorajar as pessoas a se expressar longamente e saber ficar calado. Não
deve interferir na fala do entrevistado – seja por palavras, por expressão
facial ou por gestos. O entrevistado é quem deve discorrer sobre suas crenças,
opiniões, ideias, juízos, medos, atitudes que tomou ou gostaria de ter tomado.
Para começar a entrevista, podem
ser feitas uma
ou duas perguntas.
São permitidas outras perguntas, mas apenas para obter esclarecimentos sobre
eventuais dúvidas a respeito do que disse o entrevistado. O entrevistador
precisa ser interativo e entender a linguagem do entrevistado. Se perguntado, o
entrevistador deve dizer que as perguntas serão respondidas no final da
entrevista – e isso tem de ser feito, usando palavras em nível de compreensão
do entrevistado. Mas o entrevistador não pode expor opiniões nem influenciar na
resposta.
São comuns alguns percalços: o
entrevistado pode ser muito tímido ou ficar constrangido com algumas perguntas;
o entrevistador pode, impensadamente, responder uma pergunta e contaminar a
resposta de quem entrevista; o entrevistado pode ser interrompido por pessoas
ao seu derredor ou parar a entrevista para atender ao celular. De qualquer
modo, é sempre recomendável gravar as entrevistas, que depois devem ser
transcritas para análise. Mas transcrição toma tempo. Então o pesquisador deve
estar preparado não só para entrevistar como também para transcrever a
entrevista. E se tiver secretária para esse serviço, terá que conferir a
transcrição. Mas há pessoas que não aceitam gravar a entrevista. Nesses casos,
é preciso fazer anotações.
Dependendo do assunto, pode ser
difícil achar respondentes. Se o pesquisador pretende entrevistar pessoas que
pertencem a uma instituição – como escolas, asilos, prisões – é preciso pedir
permissão para o responsável pela instituição, não só para entrar na
instituição como também recrutar pessoas para a pesquisa. E as características
pessoais do entrevistador – como classe social, sexo, raça, profissão, maneira
de se vestir – têm efeito sobre o resultado da entrevista. No entanto, é
preciso entrevistar porque existem informações que só podem ser obtidas
conversando com as pessoas que se dispuserem a falar.
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Onde achar quem aceite responder? |
Dependendo do assunto, pode ser
difícil achar respondentes. Se o pesquisador pretende entrevistar pessoas que
pertencem a uma instituição – como escolas, asilos, prisões – é preciso pedir
permissão para o responsável pela instituição, não só para entrar na
instituição como também recrutar pessoas para a pesquisa. E as características
pessoais do entrevistador – como classe social, sexo, raça, profissão, maneira
de se vestir – têm efeito sobre o resultado da entrevista. No entanto, é
preciso entrevistar porque existem informações que só podem ser obtidas
conversando com as pessoas que se dispuserem a falar.
A entrevista em
profundidade é um processo de pesquisa demorado e pode ser caro, dependendo da
qualificação exigida do entrevistador, da quantidade de informações que se
espera obter e do número de participantes. Por esta razão, o tamanho da amostra
fica, em muito, por conta de fatores como profundidade, capacidade de
interlocução dos entrevistados, tempo e custo da entrevista. Como a
representatividade estatística não é buscada na pesquisa qualitativa, o número
de entrevistados raramente é posto em discussão.
As entrevistas
qualitativas podem ser semiestruturadas – algo que
se entende como intermediário entre a pesquisa qualitativa e o
questionário. As questões são abertas e o entrevistador pode até utilizar
um roteiro, mas precisa deixar o respondente livre para falar. Entrevistador e
entrevistado podem explorar mais longamente os pontos que considerarem
importantes, mas o entrevistador precisa ser sensível à linguagem do
entrevistado e não pode, de forma alguma, influenciar as respostas.
Finalmente, cabe lembrar que as
entrevistas feitas por meio de questionários com perguntas que têm opções
de resposta, são pesquisas quantitativas porque têm números
para análise – e não texto 1.
Tuesday, August 20, 2013
O QUE É ESTATÍSTICA
Talvez você pense na Estatística
apenas como “disciplina obrigatória” em seu curso. Mas a Estatística é a ponte
entre o que se observa, mede, pesa, anota e classifica e o saber universal, Os
métodos estatísticos são aplicados em áreas tão diversas como engenharia,
marketing, negócios, economia, psicologia, saúde pública, esportes, sociologia,
astronomia, biologia, educação, genética, medicina.
Embora alguns pensem na
Estatística como um ramo da Matemática, é melhor pensar nela como uma
disciplina que se baseia na Matemática e que ajuda na tomada de decisão em
condições de incerteza, usando a teoria da probabilidade. Considere, por
exemplo, as estatísticas de trânsito. Elas são úteis para organizar o
policiamento. Nos pontos das estradas em que as estatísticas indicam maior
número de acidentes, a velocidade é limitada pelos policiais rodoviários e nos
horários de pico destacam-se mais policiais para as áreas de maior risco.
Em linhas gerais, Estatística é
o conjunto de métodos usados para coletar, organizar e analisar informações
numéricas. Então, se um jornal quiser saber a aprovação ao governo ou a
popularidade da Presidente da República, deve contratar um instituto de pesquisa
para coletar, organizar e analisar a opinião das pessoas. A maneira de coletar
os dados é fundamental para que a informação seja de confiança. E os dados
precisam ser bem analisados, para que as informações cheguem corretas ao
jornal.
Mas você não deve pensar que a
Estatística se resume ao levantamento de dados existentes e à apresentação
deles em tabelas e gráficos, embora esta seja, sem dúvida alguma, parte
importante da Estatística Descritiva. Dados apresentados em tabelas e gráficos
permitem calcular médias e porcentagens, que são extremamente úteis para a
tomada de decisão.
Também faz parte da Estatística
Descritiva o cálculo de taxas, índices e coeficientes. Esses conceitos, embora
estatísticos, são aplicados em Economia, em Educação, em Medicina. Afinal,
você já ouviu falar em índice de inflação, em taxa de evasão escolar, em taxa
de mortalidade infantil.
Mas os estatísticos
trabalham, também, no planejamento de experimentos. Será que colocar adubo no
solo faz a planta crescer mais? Será que as vitaminas retardam o
envelhecimento? Será que as crianças que aprendem a usar computador ficam mais
inteligentes? Bem, para obter as respostas é preciso experimentar. E o
estatístico entra nessa história para planejar o experimento, analisar os dados
e ajudar na interpretação.
A grande importância da
Estatística está, portanto, em seu vasto campo de aplicação. Os cálculos foram,
por muito tempo, o grande obstáculo para a aplicação de Estatística. Esse
obstáculo praticamente desapareceu, devido à popularização dos computadores. No
entanto, existem pessoas que têm computadores – e não gostam de números. Vamos
ser amigos dos números, ou seja, vamos à Estatística!
Friday, August 09, 2013
O que é qualidade de produtos e serviços?
Melhoria na qualidade de produtos e serviços é o elemento chave para aumentar a produtividade e diminuir os custos. Mas o que é, exatamente, qualidade? As pessoas têm conceitos diferentes sobre qualidade. Alguns dicionários registram qualidade como o grau de excelência, mas o fato é que produtos e serviços devem ter qualidade para satisfazer as exigências dos consumidores. É consumidor quem compra para usar, seja um automóvel ou uma caixa de fósforos. Também é consumidor quem compra no atacado para vender no varejo, quem compra matéria-prima para transformar em produto. Consomem-se, também, serviços. Portanto, é consumidor quem compra uma entrada de teatro, um bilhete de metrô, um tratamento odontológico.
O consumidor percebe a qualidade de produtos e serviços por característicos que dependem do tipo de produto. Garvin (1987) considera que o consumidor julga qualidade de um produto por característicos de:
- Desempenho (o produto faz o que a propaganda promete?):
Consumidores em potencial analisam o desempenho do produto para verificar se
confere com o que lhes foi dito, na propaganda ou por vendedores. Por exemplo,
o consumidor verifica: o automóvel realmente não tem ruídos internos?
- Confiabilidade (quão frequentemente o produto falha?): Produtos que têm certa complexidade demandam reparos durante sua vida útil. Mas com que frequência? Uma motocicleta exige, ocasionalmente, reparos, mas se esses reparos forem constantes a motocicleta não é confiável.
- Durabilidade (quanto tempo o produto vai durar?): Os consumidores buscam produtos duráveis. Quem compra um esmalte para pintar o portão de sua casa, quer um produto resistente às agressões do tempo, ou seja, durável.
- Estética (o produto é bonito?): o apelo visual é levado em conta em muitos produtos. Fatores como estilo, forma, cor, maleabilidade são considerados na compra de roupas e fatores como cor e embalagem na compra de uma bolacha.
- Acréscimos (o produto oferece vantagens?): os consumidores em geral associam qualidade aos produtos que apresentam mais característicos do que os concorrentes. Logo, uma lanchonete que ofereça um brinde, além de lanches, pode ver aumentada sua clientela.
- História de qualidade (qual é a reputação do produto?): Os consumidores contam com a própria experiência para julgar qualidade ou em informação que lhes pareça confiável. Então, quem regularmente faz viagens por uma companhia aérea que tem preços acessíveis, cumpre o horário, não perde nem danifica a bagagem, não tem porque trocar essa companhia pela concorrente.
- Conformidade com a especificação (o produto foi feito como manda o padrão?): o produto tem qualidade quando está de acordo com a especificação. Por exemplo, os pneus novos se ajustam adequadamente à bicicleta?
Facilidade de manutenção: velocidade, cortesia, competência e facilidade de reparo são essenciais. Os consumidores estão preocupados não apenas com a quebra de um produto, mas também com velocidade, cortesia, competência e facilidade de reparo. Nos casos em que os problemas não são resolvidos imediatamente e as reclamações são registradas, os procedimentos de tratamento de reclamações de uma empresa também podem afetar a avaliação final dos clientes sobre a qualidade do produto e do serviço.
1. GarvinD.A. https://hbr.org/1987/11/competing-on-the-eight-dimensions-of-quality. Harvard Business Review.
2. Juran on Quality by Design Simon & Schuster. 1992
Saturday, June 22, 2013
Biodisponibilidade: área sob a curva (ASC)
1.
Definições
Biodisponibilidade (bioavailability)
é um termo usado em farmacocinética para descrever a quantidade e a velocidade
com que uma droga, ou outra substância, fica disponível em seu lugar de ação
depois de ter sido administrada em dose única.
Como nem sempre é possível medir a concentração da droga em seu
lugar de ação, monitora-se a concentração da droga no sangue ou na urina. O
pressuposto é o de que a concentração da droga em seu lugar de ação fica em
equilíbrio com a concentração da droga no sangue ou na urina.
Para entender todo esse processo, são
conduzidos ensaios nos quais se estabelecem a dosagem, a via de administração e
a forma farmacêutica (comprimido, cápsula, pó, solução ou suspensão) da droga,
além dos intervalos de tempo em que serão feitas as medições. Se o ensaio for
feito com seres humanos, é preciso recrutar voluntários seguindo as normas da
CONEP-CNS-MS e os critérios de elegibilidade, dados pela ANVISA.
2.
Análise estatística dos dados
Determinar a biodisponibilidade de uma droga, na prática, significa
calcular em que quantidade e quão depressa essa droga aparece no sangue (ou na
urina) do participante de pesquisa, depois de administrada em dose única.
Para isso, são tomadas diversas amostras de
sangue (ou na urina) do mesmo voluntário – uma imediatamente antes da
administração da droga e as demais em intervalos de
tempo pré-estabelecidos – para nelas medir a concentração da droga
É usual indicar a dose administrada da droga (loading dose) por D.
As concentrações da droga no sangue ou na urina são medidas em microgramas por
mililitro. O intervalo de tempo em que são feitas as medições (dosing
interval) é indicado pela letra grega t (lê-se tau) e a unidade de medida
é, usualmente, hora.
Exemplo
Veja
os dados (fictícios) apresentados abaixo, que serão utilizados para ilustrar o
procedimento da análise estatística em estudos de biodisponibilidade.
Tabela 1
Tempo
após a administração da droga (em horas) e concentração da droga no sangue (em
microgramas por mililitro)
Com os pares de dados obtidos – tempo em
que foi tomada cada amostra de sangue e concentração da droga na amostra de
sangue – desenha-se a curva da concentração da droga em função do tempo. Veja a
figura abaixo.
Figura 1
2.1.
Parâmetros farmacocinéticos
Três importantes parâmetros farmacocinéticos são obtidos
diretamente da curva de concentração da droga no sangue (ou na urina).
·
Concentração
máxima (Cmáx)
·
Tempo
para atingir a concentração máxima (Tmáx)
·
Área
sob a curva de concentração (ASC).
Concentração máxima (maximum
concentration) é o pico da concentração da droga em lugar especificado,
antes da administração de uma segunda dose. Indica-se a concentração máxima
por Cmax.
Cmax =
max { C0, C1, . . ., Ck }
Tempo para atingir a concentração máxima é
o tempo que a droga demora para atingir a concentração máxima. No gráfico, é a
abscissa do ponto que corresponde à concentração máxima. Indica-se por Tmáx.
Na prática, a concentração máxima (Cmax.)
e o tempo para atingir essa concentração (Tmáx ) são obtidos dos dados
coletados.
Exemplo
Veja, na Tabela 2, a concentração máxima e o tempo para atingir a concentração máxima para o exemplo apresentado na Tabela 1.
Cmax = 205,4 mg/mL
Tmáx = 2 horas
Área sob a curva de concentração (area under the concentration curve), que se indica por ASC (em inglês, AUC) é um dos principais parâmetros farmacocinéticos. Existem diversos métodos para estimar a ASC, mas o método dos trapézios (trapezoidal rule) apresentado em seguida, embora seja apenas uma aproximação, é o mais simples.
2.2
Método dos trapézios para obter a ASC até tk
Sejam t0, t1, t2,
…, tk os tempos em que foram tomadas as amostras
de sangue do voluntário e sejam C0, C1, C2,
…, Ck as concentrações da droga medidas no sangue.
Tabela 3
Tempo após
a administração da droga
(em horas)
e concentração da droga no sangue
(em
microgramas por mililitro) de um voluntário
A área sob a curva, que abrange toda a figura – desde a primeira medição feita no tempo (t0) até a última, feita no tempo (tk), é indicada por ASC(0 - tk) e obtida da seguinte maneira:
a) Dos pontos do gráfico, trace
segmentos de reta paralelos à ordenada (eixo dos Y) até a abscissa
(eixo dos X);
b) Observe:
formaram-se um triângulo e vários trapézios. Calcule a área dessas figuras;
c) Some as áreas calculadas para obter a
área sob a curva de concentração (ASC).
Exemplo
Vamos
obter a área sob a curva da concentração (ASC) com os dados do exemplo
já apresentado. Observe a Figura 2, onde foram baixados os segmentos de
reta de cada ponto do gráfico até a abscissa: há primeiro um triângulo e depois
vários trapézios.
A
fórmula para achar a área do triângulo é:
Então
A fórmula para achar a área do trapézio é:
Veja
novamente a curva, refeita na figura abaixo. Temos, sob a curva, cinco
trapézios. Note o primeiro trapézio, apoiado na abscissa com valores entre 1
hora e 2 horas. Esse trapézio foi redesenhado abaixo da curva e depois girado,
para que você mais bem visualize o cálculo da área. Temos:
· a
base maior (em vermelho) é a ordenada da concentração no tempo 2, ou
seja, C2 = 206;
· a
base menor (em azul) é a ordenada da concentração no tempo 1, ou seja, C1 =78;
· a
altura (em preto) é o intervalo de tempo entre 1 e 2 horas. Logo t =1.
Figura
3
Gráfico auxiliar para cálculo da ASC
As áreas, do triângulo e dos demais trapézios, formados por dois tempos consecutivos de coleta e suas respectivas concentrações estão na tabela abaixo.
Tabela 4
Cálculos
auxiliares para obter a ASC
A fórmula para obter a área sob a curva desde zero até o tempo tk é:
4.2 Curva
de concentração da droga de zero até o infinito
Se a concentração da droga em seu lugar de
ação na k-ésima medição (última), que indicamos por Ck for
diferente de zero, pode haver interesse em estimar a área sob a curva de
concentração da droga até a completa eliminação.
Essa área, chamada curva de concentração da droga de zero até o infinito,
é indicada por ASC (0-∞) e pode ser estimada como segue:
em
que Ck é a k-ésima medida (última) de
concentração da droga em seu lugar de ação e lambda (λ) é
a taxa de eliminação constante
da droga.
Para estimar taxa de eliminação constante da droga, que indicamos por l
(lambda), é preciso pressupor que a concentração medida nos quatro (ou seis, se
houver) últimos tempos decresce segundo uma exponencial, isto é, segundo a
curva:
Exemplo
A
exponencial ajustada aos quatro últimos pares de dados do exemplo é
Ŷ = 596,19
e-0,7298t
Tabela 5
Concentração da droga nos s quatro últimos
tempos
de medição
Figura
4
Exponencial
ajustada à concentração da droga nos quatro últimos tempos de medição
A taxa de eliminação constante da droga é λ
= 0,7298 e a área sob a
curva de concentração da droga
de zero até o infinito
é:
Se a concentração da droga no sangue for grande no instante tk, que
é o momento da última medição da concentração da droga no sangue (ou na urina),
a área de tk ao infinito pode ser relativamente grande. Isto não é
aceitável. De acordo com a legislação brasileira, a área sob a curva do
tempo zero ao tempo tk deve ser igual ou superior a 80% da área sob a curva de
zero a infinito.
Em geral, a preocupação é com a extensão da absorção (ou seja, com a
fração da quantidade administrada que chega à corrente sanguínea). Essa é a
dose efetiva da droga, quase sempre menor do que a quantidade administrada. Em
casos agudos, porém, a velocidade da absorção também preocupa.
Referências
1. Conceitos
de farmacocinética constam nos itens II. 2 - e, f da Resolução 251/97-CNS/MS
(inciso II. 1).
2. Veja a
Resolução nº 896 da ANVISA, de 29 de maio de 2003.
3. CHOW, S. C., LIU, J.L. Design and analysis of
bioavailability and bioequivalence studies. New York: Marcel Dekker, 2000.
4.Medical-dictionary.thefreedictionary.com/maximum.Maximum
concentration | definition
Tuesday, May 28, 2013
Você acredita em estatísticas?
Você acredita em estatísticas?
Por exemplo, se um professor quiser saber o histórico de emprego dos
alunos formados nos últimos cinco anos na escola em que trabalha, deve
questionar ex-alunos. Se todos os alunos formados nessa escola nos últimos cinco
anos responderem ao questionário enviado pelo professor, não haverá erro de
amostragem – simplesmente porque foi feito um censo. Mas pode haver erro na
pesquisa se as perguntas estiverem mal elaboradas ou se os ex-alunos faltarem
com a verdade. E os resultados podem ser tendenciosos caso muitos alunos não
devolvam o questionário. Afinal de contas, aqueles que não
se saíram bem na profissão podem não responder...
Existem,
porém, razões para se recorrer a uma amostra – e não a toda a população. A
primeira razão para estudar uma amostra é a questão do custo e da demora dos
censos. Por exemplo, qual é a taxa de desemprego no Brasil, neste
mês? Avaliar toda a população fica impossível para o pesquisador,
porque isso custaria caro e exigiria muito tempo.
Outra
razão para estudar amostras é o fato de existirem populações tão grandes que
estudá-las por inteiro seria impossível. Por exemplo, quantos peixes tem o mar?
Esse número é, em determinado momento, matematicamente finito, mas tão grande
que pode ser considerado infinito para qualquer finalidade prática. Então, quem
faz pesquisas sobre peixes marítimos trabalha, necessariamente, com amostras.
Outras
vezes é impossível estudar toda a população porque o estudo destrói as
unidades. Por exemplo, o pão fabricado por uma empresa precisa ser destruído
(na verdade, pulverizado) para que se determine a quantidade de gordura, açúcar
e outros ingredientes nele contidos.
Ainda,
o valor científico de pesquisa baseada em amostra pode ser maior do que o da
pesquisa que estuda toda a população. A complexidade organizacional dos censos
propicia o aparecimento de erros. Ainda, são necessárias muitas pessoas para
coletar os dados – e essas pessoas nem sempre são bem treinadas. Já os dados
obtidos por amostragem têm maior qualidade porque são obtidos por pessoal com
melhor treinamento.
De qualquer modo, os grandes problemas dos levantamentos de dados são a
não-cobertura de determinados segmentos da população e a não resposta. Mas
pesquisas feitas com base em amostras são extremamente úteis. Então, seja
colaborativo: na próxima vez que receber um questionário de pesquisa de
opinião, responda. E se você não estiver convencido de que uma amostra
representativa permite inferência para toda a população, não custa lembrar a estória
daquele professor de estatística que, irritado com a teimosia do aluno que não
se deixava convencer de que as amostras dão informação que pode ser
generalizada para toda a população, saiu-se com esta: “Muito bem, quando
precisar fazer um exame de sangue, não aceite fornecer apenas uma amostra -
peça que todo o seu sangue seja retirado para exame...”.